«A palavra é uma junção de «para» e «bem», no plural, e já aparece nos nossos dicionários desde o início do século XVIII.»
Contudo, um século antes, pelo menos, o termo já aparece em textos portugueses, exatamente com o sentido que tem ainda hoje. Por exemplo:
«Ella agradecendolhe a cantiga com hum favoravel arremeço d'olhos, por lhe pagar co efte favor o ferviço que lhe fizera, acodia entre tãto aos parabéns que lhe davam as aldeanas pella cantiga,»
Extraído de «Os Campos Elysios de Ioam Nunez Freire Offerecidos ao Senhor Luis Correa Abbade da Igreja ,& Mosteiro de Lòdello, Doutor em os sagrados Canones, & Mestre em Artes pella Universidade de Coimbra [Por João Nunes Freire · 1626]»
Aparece ainda no século XVI, aliás. A sua presença nos dicionários não é o início da sua história em português (e, tem razão, a frase pode dar a entender que é). No entanto, a palavra aparece primeiro em castelhano, pela evolução das fórmulas apresentadas no texto, e só depois aparece, com muito menor frequência inicial, no português.
Interior do Brasil, 2018: encontro um homem que, ao saber do meu aniversário, me surpreende dizendo "venham bens". Quando eu perguntei o porquê de ele falar daquele jeito, me disse que "para bens" significa desejar que os bens parem de chegar (para, como que do verbo parar). Dentro de mim eu ri, senti pena, achei curioso e, bem lá no fundo eu pensei: Deus não permita que essa bobagem se espalhe! rsrs
A tese é de que a palavra portuguesa "parabéns" tem origem na palavra castelhana "parabienes" porque esta última aparece escrita primeiro que a palavra portuguesa.
Será que esta precedência no registo escrito prova que uma tem origem na outra?
Será que é impossível a palavra "parabéns" existir há tanto tempo como a palavra "parabienes", com a única diferença de não ter sido objeto de registo escrito?
Ou seja, será que só existe aquilo que aparece nos livros, e se não aparece nos livros é porque não existe?
A resposta é obvia.
Ou seja, o caro Marco Neves apresentou a tese do sr. Venâncio mas não apresentou prova nenhuma dessa tese. E podia ter dito simplesmente que é possível que seja esta a origem. Mas não. Foi taxativo. Parece-me que lhe faltou prudência na avaliação da tese alheia e a tomou como sua sem o devido cuidado.
Neste caso, a formação da palavra ao longo das várias expressões até chegar aos «parabienes» está registada em castelhano, tendo depois dado o salto, já assim formada, para o português. Como em tudo o que toca à etimologia, não podemos ter certezas, mas parece muito provável que assim foi. Em muitos textos sublinho a dificuldade de ter certezas; não o fiz neste, mas fica aqui em comentário. Muito obrigado pelos parabéns! :)
«A palavra é uma junção de «para» e «bem», no plural, e já aparece nos nossos dicionários desde o início do século XVIII.»
Contudo, um século antes, pelo menos, o termo já aparece em textos portugueses, exatamente com o sentido que tem ainda hoje. Por exemplo:
«Ella agradecendolhe a cantiga com hum favoravel arremeço d'olhos, por lhe pagar co efte favor o ferviço que lhe fizera, acodia entre tãto aos parabéns que lhe davam as aldeanas pella cantiga,»
Extraído de «Os Campos Elysios de Ioam Nunez Freire Offerecidos ao Senhor Luis Correa Abbade da Igreja ,& Mosteiro de Lòdello, Doutor em os sagrados Canones, & Mestre em Artes pella Universidade de Coimbra [Por João Nunes Freire · 1626]»
Aparece ainda no século XVI, aliás. A sua presença nos dicionários não é o início da sua história em português (e, tem razão, a frase pode dar a entender que é). No entanto, a palavra aparece primeiro em castelhano, pela evolução das fórmulas apresentadas no texto, e só depois aparece, com muito menor frequência inicial, no português.
Interior do Brasil, 2018: encontro um homem que, ao saber do meu aniversário, me surpreende dizendo "venham bens". Quando eu perguntei o porquê de ele falar daquele jeito, me disse que "para bens" significa desejar que os bens parem de chegar (para, como que do verbo parar). Dentro de mim eu ri, senti pena, achei curioso e, bem lá no fundo eu pensei: Deus não permita que essa bobagem se espalhe! rsrs
A tese é de que a palavra portuguesa "parabéns" tem origem na palavra castelhana "parabienes" porque esta última aparece escrita primeiro que a palavra portuguesa.
Será que esta precedência no registo escrito prova que uma tem origem na outra?
Será que é impossível a palavra "parabéns" existir há tanto tempo como a palavra "parabienes", com a única diferença de não ter sido objeto de registo escrito?
Ou seja, será que só existe aquilo que aparece nos livros, e se não aparece nos livros é porque não existe?
A resposta é obvia.
Ou seja, o caro Marco Neves apresentou a tese do sr. Venâncio mas não apresentou prova nenhuma dessa tese. E podia ter dito simplesmente que é possível que seja esta a origem. Mas não. Foi taxativo. Parece-me que lhe faltou prudência na avaliação da tese alheia e a tomou como sua sem o devido cuidado.
Muitos parabéns pelos seus 17 anos! Felicidades.
Neste caso, a formação da palavra ao longo das várias expressões até chegar aos «parabienes» está registada em castelhano, tendo depois dado o salto, já assim formada, para o português. Como em tudo o que toca à etimologia, não podemos ter certezas, mas parece muito provável que assim foi. Em muitos textos sublinho a dificuldade de ter certezas; não o fiz neste, mas fica aqui em comentário. Muito obrigado pelos parabéns! :)